Estudantes, professores e dirigentes sindicais realizam Ato contra o desmonte na Educação

Manifesto foi realizado no centro da cidade, durante toda a tarde de hoje

Jaraguá do Sul – Munidos de faixas, cartazes e com palavras de ordem, centenas de estudantes da rede estadual de ensino e do Instituto Federal de Educação, professores e dirigentes sindicais de Jaraguá do Sul e Região ocuparam o centro histórico da cidade em manifestação contra a reforma da Previdência e o corte de 30% nas verbas da Educação decretado pelo governo Bolsonaro. “Pula e sai do chão quem defende a Educação”, “não tem arrego, você tira o meu direito e eu tiro o seu sossego” e “um, dois, três, quatro, cinco, mil, ou para o desmonte ou paramos o Brasil” foram alguns refrões gritados pelos manifestantes, às vezes abaixo de chuva, recebendo a solidariedade de motoristas e  daqueles que passavam pela Getúlio Vargas, avenida central ao lado do único shopping center da cidade.

As estudantes do Instituto Federal (IFSC) Jaraguá do Sul, Clarice e Fernanda, 15 anos, defendem o ensino técnico ministrado pelo IFSC por “ajudar muita gente para um trabalho futuro” e porque, com o corte de verbas, “talvez o ensino se torne privado e nem todos terão a chance de um bom estudo”. Artur, 16 anos, cursa o ensino médio integrado ao Técnico em Modelagem e manifesta indignação: “95% das pesquisas científicas realizadas no Brasil são dos Institutos e Universidades Federais e esses cortes feitos pelo presidente afetam diretamente todas essas instituições”. Ele também reforça que uma grande quantidade de estudantes não têm como pagar ensino privado: “No IFSC é tudo gratuito, a gente tem laboratórios de informática, química e modelagem, vamos sair daqui como cidadãos bem qualificados para fazer cada vez melhor o amanhã do Brasil”.

Izaquiel da Silva Teixeira é pai do Eduardo, 15 anos, que cursa Química no IFSC – “um sonho de trabalhar numa empresa com salário bom, que meu filho conseguiu através de muito estudo e está sendo conquistado” – e agora “aparece um governo que não pensa nos pobres, um presidente arrogante, que favorece a quem não precisa”. Ele questiona: “Cadê o governo que para dar um alô para os pobres? Está lá do outro lado do mundo, passando a mão na cabeça dos caras que não precisam, não sei como ainda tem gente que apoia esse governo”. Izaquiel também critica a reforma trabalhista implantada no governo Michel Temer, que iria gerar 6 milhões de empregos e “não gerou nada, só cortes de direitos que tínhamos conseguido com muita batalha”.

Izaquiel também opina sobre a reforma da Previdência: “Dizem que é para salvar o Brasil, mas quem salva o país somos nós, trabalhadores, tem que investir na gente, abrir empresas, dar trabalho e não mexer em salário e nos direitos”. Embora contribua com a Previdência “desde que conseguiu registro em Carteira, depois de “15 anos de roça”, Izaquiel diz que não tem expectativa de se aposentar: “Vou trabalhar até onde sobreviver, sei como é ter direitos, o quanto custa ter direitos e sei também que tem gente de acordo com a retirada de direitos, mas na hora que um desses ver o filho sem estudo ou se tornar uma coisa que ele não quer, aí, vai sentir na pele o que sentimos hoje”.

Desmonte da Educação

A professora da rede pública estadual de ensino, Ana Lúcia Prates Freitas, avalia que o país passa por um momento muito difícil, com o sucateamento das verbas e a pouca responsabilidade com a Educação”. Mostra-se preocupada com o futuro do filho Bruno, que ingressa na Universidade Federal em agosto desse ano: “Fez cursinho, batalhou pra caramba, passou no vestibular depois de muitos anos estudando, e agora a gente fica assustada com o que vai acontecer, se o curso vai continuar”. Ana destaca a importância de uma universidade pública, pois até o município recebe pessoas de vários estados, que fazem aquecer a economia local, consomem no comércio, na padaria, alugam uma casa, então, tudo ao redor da universidade vai sofrer as consequências com esses cortes”.

A professora Sandra Maciel reforça que a Educação é a base da formação: “A juventude tem que vir para a rua, mesmo, não pode aceitar esses cortes, essa represália que tem fundo ideológico e a gente tem que estar com os jovens para mudarmos esse cenário”. Estudante e diretora de escola, formada em escola pública, Sandra adverte que “está havendo um desmonte na Educação, os cortes de verbas terão efeito cascata e o que temos de ciência, de conhecimento adquiridos dentro das universidades federais corre perigo. Toda a Constituição não pode ser jogada no lixo”, conclui a professora.

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